Como um Teste A/B de 5 Palavras Revelou o Caminho para um Produto Melhor

Case Study05/09/2025 • Bolívar Alencastro

Tudo começou com uma hipótese baseada na experiência em design de produto. No Konquest (LMS/LXP da Keeps), a busca global já era uma ferramenta poderosa, mas a sua porta de entrada, a frase "O que você quer aprender hoje?", soava mais poética do que funcional. Tive uma ideia simples: testar se uma abordagem mais direta poderia gerar mais engajamento.

Esse ponto de partida leva a uma validação clara: um aumento de 20 por cento no uso da busca e um NPS de 84, sinal de que os usuários já consideram a ferramenta de classe mundial. Em paralelo, o processo de pesquisa traz outro aprendizado valioso: perceber que o formato de exibição das perguntas influencia diretamente a taxa de resposta. Esse insight se torna um método em si, aplicável a outros pontos da plataforma.

Esta é a história de como os pontos se conectam no Konquest.

O ponto de partida: clareza acima de poesia

A hipótese era simples: trocar uma frase aspiracional por uma funcional aumentaria o número de buscas iniciadas.

Antes: "O que você quer aprender hoje?" > Depois: "Buscar cursos, trilhas, eventos..."

Lanço o teste A/B e os resultados aparecem de imediato.

A primeira vitória e uma nova pista

A nova abordagem funciona. O número de usuários que realizam uma busca cresce 20,3 por cento. É a prova de que clareza supera inspiração nesse contexto.

Mas ao observar o funil, surge uma pista importante: a taxa de abandono entre quem realiza a busca e quem seleciona um resultado sobe de 40,8 para 43,5 por cento. Em outras palavras, mais gente chega até a página de resultados, mas parte não encontra ou não avança para a próxima ação.

Em paralelo: aprendendo a ouvir do jeito certo

Enquanto acompanho o desempenho da busca, surge um desafio paralelo: como coletar feedback de forma eficiente no Konquest.

Na primeira tentativa, insiro uma pequena tag de feedback que o usuário precisa encontrar e clicar. O resultado é mínimo: 0,7 por cento de conversão, apenas 6 respostas.

Na segunda tentativa, mudo completamente a abordagem. Apresento um modal logo após o uso da busca, perguntando sobre a experiência. A taxa de resposta salta para 17,7 por cento, gerando 436 feedbacks detalhados.

O aprendizado é claro: perguntar no contexto certo multiplica em 25 vezes a taxa de resposta. Esse formato se torna uma metodologia própria, aplicável em outros pontos da plataforma.

O “Aha!” moment: dados e voz do usuário se encontram

Com o método validado, passo a ter um volume grande de feedback em mãos. Os números são expressivos: um NPS de 84, considerado de classe mundial, reforça que os usuários valorizam a busca.

Mas o ouro está nos comentários dos 4,8 por cento de detratores. Eles revelam pequenos atritos que explicam o comportamento observado no funil:

  1. “O campo de busca não limpa sozinho depois que eu pesquiso.”
  2. “Não consigo encontrar o tema que procuro.”

De repente, a taxa de abandono deixa de ser um mistério. Não se trata de uma falha grave, mas de ajustes pontuais de usabilidade e relevância.

Retrato do usuário

Com 436 respostas em mãos, consigo mapear um perfil claro de quem usa a busca:

  1. Perfil tecnológico: o acesso é majoritariamente via desktop (68,6 por cento), com Windows e Chrome predominando. Otimizar para essa dupla segue como prioridade.
  2. Comportamento: o Konquest é usado como ferramenta de trabalho. Os picos acontecem em dias de semana (91,2 por cento) no horário comercial (10h às 16h). Eficiência e performance não são opcionais.

Duas descobertas importantes

A análise do funil deixa evidente dois pontos centrais:

  1. Aumento da taxa de abandono. Mais usuários chegam até os resultados da busca, mas parte deles não encontra o que procura. O feedback qualitativo mostra que ajustes simples, como limpar o campo automaticamente e melhorar a relevância dos resultados, podem reduzir esse atrito.
  2. Crescimento nas matrículas. Mesmo com a taxa de abandono mais alta, o número de matrículas sobe de 565 para 647, um aumento de 14,51 por cento. Isso abre espaço para uma nova hipótese: adicionar botões de ação mais claros na própria tela de resultados pode eliminar a necessidade de abrir a página de detalhes do curso ou missão, encurtando o caminho até a matrícula.

Essas descobertas mostram como cada etapa do funil conversa com a voz do usuário e abre novas oportunidades de melhoria.

Da análise à ação

Os resultados e aprendizados se traduzem em um plano claro:

Ganhos rápidos (curto prazo):

  1. Limpar automaticamente o campo de busca.
  2. Melhorar a página de “nenhum resultado encontrado”.
  3. Expandir o uso do gatilho contextual para outras jornadas.

Iniciativas estratégicas (longo prazo):

  1. Investir em relevância da busca, indo além de palavras-chave para resultados personalizados.
  2. Desenvolver dashboards e consolidar uma cultura data driven dentro da plataforma.

O fim é um novo começo

O que começa com a troca de cinco palavras evolui para muito mais: um aumento de engajamento, a confirmação de que a busca é um ativo central no Konquest e a descoberta de um método de pesquisa aplicável em todo o produto.

Validar a hipótese é apenas o primeiro passo. O verdadeiro valor está em conectar dados e voz do usuário para traçar um caminho claro de evolução.

Sobre o autor
Bolívar Alencastro

Sou bolívar, me inspiro na dança, na fotografia, nos livros, nas viagens e na natureza para viver com entusiasmo e olhar o mundo com mais sensibilidade. entre floripa e são paulo, divido a vida com minha companheira e nosso cachorro, colecionando cenas do cotidiano e aprendizados da minha trajetória como fotógrafo e designer.

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